quarta-feira, 1 de junho de 2011

Quarta - feira de Cinzas


Quarta, 02 de Junho

Estou no ônibus em direção à universidade. Pessoas desconhecidas conversam ao meu redor. Nada escuto. Observo por trás da janela a Catedral e toda a horizontal, distante e monótona arquitetura do Plano Piloto. Suspiro. Minha mente ainda não está aqui. Pouco a pouco me desligo do ambiente, respiro devagar, friso as minhas vistas até que, finalmente, fecho os meus olhos. Lembro de momentos passados, vividos em um lugar longínquo... Esboço um leve sorriso e um olhar distante. Sinto calor; sinto frio – degusto a sensação de um alegre luto. Pela primeira vez senti o que é saudade.


Quinta, 03 de Junho

Hoje decidi que eu, querendo ou não, devo me conformar com o meu retorno à Brasília. Percebi que estou aqui apenas de passagem. O estranho é que, mesmo com todo o formalismo que a cidade carrega, começo a enxergar elementos interioranos na capital, traços de simplicidade que a arquitetura e as pessoas daqui tentam à todo custo camuflar. Andando pelo pátio do prédio principal da universidade, observei um grupo de pessoas ouvindo música sertaneja, sem o menor constrangimento! Uma delas me chamou para dançar. Fui em direção à ela (muito sem graça, claro) mas, como eu danço como um toco de madeira, desisti e gargalhamos juntos, eu e a garota semi-bêbada. Saí do prédio, já era fim de tarde. Olhei para o gramado e ví que as gramas estavam amarelando - é a estiagem chegando no Cerrado. Virei para trás e avistei o Lago Paranoá e o céu azul com imensas nuvens laranjadas. Respirei fundo e sorri. Finalmente estou começando a me sentir em casa.

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