Neste instante não tenho nenhum destes ingredientes e, sinceramente, nem sei se gostaria de ter todos. Porém, de tanto ver estampado na televisão e na boca das pessoas ao meu redor que somente realizando tais obrigações terei sucesso, serei feliz, serei Alguém na vida, eu acabo me cobrando a buscá-las por pura sobrevivência dentro da sociedade a qual estou inserido.
A sociedade é um enigma para mim. Eu até pouco tempo atrás era um enigma para mim. Não mais. Tenho isto, pelo menos isto ao meu favor: eu me conheço. E o fato de me conhecer, de me sentir dentro de mim é algo divino.
Acredito que ninguém nunca me conheceu por inteiro, apenas Deus. Sim, Deus. Ele é o mistério que eu nunca irei desvendar, e é por isto que eu o adoro. Só passei a acreditar de verdade em Deus aos 21 anos quando eu me conheci plenamente e percebi que havia uma alma em meu interior e, além disso, algo maravilhosamente indescritível o qual identifiquei como presença divina. Mas acreditar está muito distante de ter fé. Tenho fé Nele, mas é pouca, talvez do mesmo tamanho da fé que eu tenho em mim próprio. Fé é um exercício espiritual, e no momento estou sedentário. O que acontecerá quando eu começar a me exercitar?
Talvez estes sejam os principais desafios que terei de enfrentar nesta fase de adultescência: aumentar a minha fé e mostrar o verdadeiro ser que há em mim para as pessoas, sem usar de artifícios de auto-proteção como a minha seriedade e introspecção. Somente assim encontrarei o meu caminho, revelarei a minha verdade e viverei a minha vida – de forma saborosa, sem seguir nenhuma receita.
